"Adoro
arrancar da frieza de um livro, como se fora um bloco amorfo de granito, uma
peça. Imaginá-la e senti-la bem, construir os cenários,
guarda-roupas, distribuir papeis, ensaiá-las, vivê-los e levá-la
à cena. É uma emoção extraordinária.".
Assim é Valdemar de Oliveira, uma espécie de "escultor
que anima a vida e constrói na ribalta o monumento grandioso de uma
obra morta na impassividade das folhas que se fecharam. Pintor soberbo que
na aquarela das palavras e no pincel da alocução, variando o
timbre como que para impregnar a tela dos matizes mais encantadores, erige
em nosso pensamento os quadros mais admiráveis!" Assim procurou
definir Valdemar de Oliveira diretor, no Jornal A TARDE da Bahia o escritor
Antônio Carlos Barbosa.
É um pouco do que ele fez como diretor de cena.
No Teatro de Amadores de Pernambuco foi tudo. Tudo no mais rigoroso sentido
da palavra. Foi seu idealizador, seu fundador, seu diretor Geral, seu administrador,
seu conservador, seu ensaiador, seu iluminador, seu divulgador, seu providenciador,
seu relações públicas, seu defensor, seu conselheiro, seu construtor, seu
protetor, seu pensador, seu tudo. Basta pensar que, das 84 peças encenadas
nos 36 anos de vida do TAP, enquanto esteve entre nós, ele foi seu ensaiador
em 49 delas o que significa dizer que 59 por cento das peças foram por ele
dirigidas, numa média de uma e meia peça por ano. Já pensaram nisso? E as
outras foram convidados seus, com providencias, contato, cartas, telefonemas
e o bater do martelo para sua satisfação. Por isso ele foi o tudo do TAP,
sem substituto. E o que hoje ainda se faz é pensando nele.
Fernando de Oliveira