Desde o início de 1948 vinha o TAP procurando atrair, aquele que era tido, como o melhor ensaiador do Brasil. O Correio da Manhã do dia 23 de novembro de 1948 já divulgava: " O Teatro de Amadores de Pernambuco, acaba de oferecer importante contrato a Ziembinski para dirigir dois de seus espetáculos. É quase certo que terminada a sua atuação em "Os homens", no Glória, aceite o convite que lhe faz o belo grupo de Recife, dirigido por Valdemar de Oliveira" Realmente Valdemar de Oliveira já vinha trabalhando no sentido de conseguir outro ensaiador para o elenco do TAP. A passagem de Adacto Filho, foi de grande proveito para o grupo. A vinda de outro ensaiador seria um dos maiores desejos do grupo e do próprio Valdemar de Oliveira. E isso veio a se concretizar no dia 12 de março de 1949. O Jornal do Commercio, onde mantinha o seu "A propósito", crônica diária sobre os movimentos artísticos da cidade, emite a seguinte nota: " Deve chegar hoje, às 14 horas, pelo avião da Transcontinental, o ator e ensaiador Ziembinski, que vem contratado pelo Teatro de Amadores a fim de, aqui montar peças para o referido conjunto, uma delas destinada a festejar o novo aniversário de sua fundação. A direção do Teatro de Amadores está convidando os componentes do elenco, não só para receber o artista polonês, como para a recepção que lhe oferecerá, hoje, à noite, na residência de Otávio da Rosa Borges." As primeiras palavras que Ziembinski disse ao ser entrevistado, no Recife, dizem bem do conceito que ele faz do teatro de um modo geral: "É preciso que as pessoas que se dão à arte de representar criem dentro de si a mística do teatro; façam do teatro uma religião. É necessário que a cada vez que se entre num teatro se tenha sensação de estar penetrando num templo religioso. E que isso seja feito com um verdadeiro sentimento de respeito pelo que há ali dentro, porque o âmbito de uma caixa teatral é um local respeitável. Até as paredes devem ser olhadas, se possível com veneração porque, nessas mesmas paredes, muitas vezes se quebraram ecos de vozes ilustres de artistas que souberam dignificar a arte. Depois vem o respeito pelos textos, pelo dizer, pela andar, pelo representar enfim. Isso com relação ao pessoal de dentro da caixa, por assim dizer. Do outro lado está o público que deverá receber nas melhores condições a mensagem que lhe é dirigida. E quanto melhor a interpretação, mais sério o respeito que os atores tenha por si mesmos e pela arte sobretudo, maior e melhor será o público. Sim porque teatro é divertimento. Geralmente vai-se ao teatro para divertir. Acontece que sob a roupagem do divertimento está a cultura em divulgação; estão os sentimentos proveitosos que o público escolhe quase insensivelmente, os quais por isso mesmo se impregnam e permanecem indelevelmente no espírito do espectador. São as belezas da arte que contribuem para esse fenômeno. Nesse particular verifico que o Brasil está reagindo muito bem. (...) O Brasil é um povo demasiadamente sensível às manifestações de arte; e a nenhuma outra é mais propensa que a teatral. É isso que me dá uma confiança ilimitada que deposito no futuro do Brasil. (...) Estou aqui a convite do Teatro de Amadores para dirigir e montar três peças e confesso que o farei satisfeito pois o contato com essa gente está me sendo muito agradável. Já tive a oportunidade de examinar o material humano de que disporei e acho-o excelente. Pretendo fazer o que for possível. Naturalmente terei um pouco de trabalho mas no fim tudo se arranjará." Escolhida a peça, entre muitas que ele trouxe em sua bagagem, "NOSSA CIDADE" de Thornton Wildler foi a preferida. Marcada a data de estréia para 27 de abril de 1949, o palco do Teatro de Santa Isabel começa a receber novos equipamentos elétricos e a retirada de todo e qualquer material em sua caixa de palco. A peça seria encenada com o palco totalmente desprovido de qualquer cenário. Amplo, aberto, só recebendo os efeitos de luz. Reinaldo de Oliveira, de tão apaixonado pelos ensinamentos de Ziembinski, resolveu assumir a iluminação e de ser o próprio a executar o roteiro de luz.