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Multidão
assiste a mais um espetáculo do TAP -
Comoção geral.
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Diná
de Oliveira
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Incêndio
que destruiu o teatro Valdemar de Oliveria - 19.11.1980
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O
teatro após o incêndio -
Reinaldo observando apenas escombros.
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Quase dois anos depois -
Reinaldo contempla o teatro reerguido
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com o nome de quem o havia construído, o Teatro Valdemar de Oliveira.
Em apenas o tempo de uma peça, de um ato, de um esquete, foi destruído,
virou cinza e ferros retorcidos. Devemos, entretanto, agradecer e dar graças.
Nenhuma
data marcou mais a vida do Teatro de Amadores de Pernambuco do que o dia 19
de outubro de 1980. As outras datas sempre eram momento de ascensão,
de elevação, de realização, de vitória, de
alegria, de um acontecimento, onde a emoção era por ter feito
alguma coisa, ter alcançado um objetivo. Essa não.
Foi o desfazer de tudo que o TAP lutou, trabalhou durante anos. O "Nosso
Teatro", o teatro do Recifense, de todos os pernambucanos, o Teatro
Era
um domingo, já o sol se despedindo, e o teatro estava com um boa lotação
de meninos assistindo "Maria Minhoca", da Companhia Aquárius.
Uma luz negra, ficou acesa, e encostou na bambolina mestra e num piscar de olhos
o fogo se alastrou. Foi o tempo de fechar a cortina e retirar os meninos para
praça, em frente ao teatro, onde assistiram um outro espetáculo.
Poucos entenderam o significado daquele momento. Um teatro com sua pauta sempre
lotada. Naquela dia estava programado 4 espetáculos "Brincadeiras"
pelo Grupo Boca de Forno, "Maria Minhoca" pela Companhia Aquárius
Produções, "Toda Nudez será castigada" pela Skene
Produções e "A resistência" pela Companhia Praxis
Dramática. Era assim, vivo, cumprindo com os seus objetivos. O impacto
foi terrível. A população estarrecida. A classe teatral
abafada.
Diná de Oliveira abraçada a Reinaldo ouviu dele:
- Mamãe, nós vamos fazer esse teatro de novo.
Uma
espécie de um grito que foi ouvido em todos os lares dos Recifenses.
E como resposta um eco: - Vamos. Em pouco tempo começaram os ensaios
para o maior espetáculo que o Teatro de Amadores poderia levar à
cena: "A reconstrução" com o maior elenco
que se tem notícia - O povo do Recife. Algo nunca visto.
Riscaram a palavra não das conversas sobre a reconstrução.
Tenho ainda na lembrança a campanha pelas rádios. Naquela semana
era pedindo cimento.
Vejo se aproximar um taxi, um Volkswagem. meio cansado. Desce um chofer, meio
gordinho, abre o capuz pega, com sacrifício, um saco de cimento.
Vou ajuda-lo. Colocamos na calçada. Não tive tempo de agradecer.
Ele disse: - É a minha parte, é o que posso dar.
E saiu deixando um rasto de fumaça e uma lágrima no meu rosto.

Vale a pena ler o discurso
que Reinaldo fez no dia da "estréia da peça". É
longo, mas é verdadeiro e retrata "timtim por timtim" todos
os momentos da luta. Leia. Eu não me canso de ler. Parece que estou
revivendo aqueles "ensaios".
Foi, realmente o maior espetáculo que o TAP realizou em toda a sua
existência.
Fernando de Oliveira